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1. O que é o autoexame?
1.1. O significado da palavra.
(1) A palavra utiliza para “examine-se”, era utilizada para o processo de verificação da autenticidade de uma moeda. Ela era jogada no chão ou num mármore e dependendo do sonido se sabia se era metal nobre ou latão. Assim também, essa incursão para dentro de si, visa verificar a autenticidade, a coerência, a verdade dentro de nós, com relação ao evangelho.
1.2. A consciência é um instrumento para o autoexame, todavia não é infalível.
(1) A maior bênção de possuir uma consciência é poder usá-la para esse autoexame. E isto é uma coisa que ninguém pode fazer por nós. Mas, somente a consciência iluminada pelo Espírito Santo, e sensibilizada pela Palavra de Deus, pode nos ajudar nesse autojulgamento, nesse confronto com nossa interioridade.
2. Qual é o propósito desse autoexame?
2.1. O autoexame não visa nossa condenação.
(1) Seu propósito é nos empurrar para a cruz, para recebermos o perdão e libertação do pecado. (1 JO 3:2)
2.2. O autoexame não visa privar-nos de participar da ceia do Senhor. V28
(1) O texto é positivo, ou seja, a ceia deve nos afastar do pecado, em vez do pecado nos afastar da ceia. Devemos abandonar o pecado por causa da ceia, e não abandonarmos a ceia por causa do pecado.
(2) É fato que não devemos participar da ceia com pecados pendentes, encobertos (V 27-29). Todavia, melhor é aproveitar esse momento para confessar o pecado, e pedir força de Deus para abandoná-lo. (1 JO 1:9)
3. Quais o benefícios do hábito do autoexame?
3.1. O hábito do autoexame nos prepara para participarmos de maneira mais intensa da ceia do Senhor.
(1) Tudo que é feito de maneira recorrente, corre o risco de ser feito na “força do hábito”. E essa participação pode acabar sendo feita de maneira condicionada, fazendo-nos “ausentes de espírito”. Assim, participamos da ceia de forma litúrgica, mecânica, e superficial.
(2) Já, essa autopercepção conduzida por Deus, pode nos livrar do autoengano, e da superficialidade na vida espiritual, permitindo-nos participar desse momento com a atenção, e intensidade necessárias.
3.2. O hábito do autoexame nos livra da religiosidade.
(1) Por religiosidade queremos significar um discurso desprovido de vida. Uma falta de autenticidade na vida cristã. Uma fé teórica. Uma vida cristã de aparências. Pecados empurrados para baixo do tapete.
(2) E nesse momento de ceia somos encorajados a sermos honestos, inteiros, verdadeiros, na presença de Deus, reconhecendo as sombras da nossa interioridade. E a partir daí, vamos sendo libertos de toda hipocrisia, dissimulação, e rebelião contra Deus.
3.3 O hábito do autoexame é condição indispensável para nosso crescimento espiritual.
(1) Quanto mais próximos de Deus mais nos damos conta do quanto precisamos crescer, amadurecer e avançar.
(2) É como Isaías tendo a visão da glória e da santidade de Deus, e de repente a visão se volta para dentro (autoexame), e ele começa a dizer: ai de mim que sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos.
(3) E após sua confissão, um dos serafins, com uma tenaz, traz uma brasa viva do altar com uma tenaz, e toca sua boca e diz: a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. (IS 6:1-6)
(4) Paulo, o apóstolo, usando a figura do atleta, diz que os embaraços de pesos e pecado, podem atrapalhar o nosso desenvolvimento e crescimento espiritual. (HB 12:1)
3.4 O hábito do autoexame pode nos distanciar da disciplina e do juízo de Deus.
(1) O texto afirma que Deus propõe o autoexame, exatamente para não nos disciplinar. E que mesmo quando nos disciplina Ele o faz para não nos condenar.
(2) Temos aqui três instâncias de julgamento: o autojulgamento, o julgamento da disciplina (v30), e a condenação com o mundo (v32). Esse autoexame (autojulgamento), nos livra do julgamento da segunda instância, a saber da disciplina. V31-32
(3) Há muita gente derrubada na vida, por guardar lixo no porão. Porque recusa tirar o lixo pra fora e deixar Deus tratar. Todavia, pior que isso tudo, é ser condenado com o mundo, sem chance de restauração. V32
4. Como se processa o autoexame?
4.1. A autoexame passa por um momento de oração.
(1) Neste momento ficamos nós, nossa consciência, e Deus. E em espírito de oração a gente pede a Deus que sonde o nosso coração (SL 139:23-24).
(2) Isto porque não podemos confiar nem no silêncio da nossa consciência (1 CO 4:4).
(3) E em resposta a essa oração, Deus vai revelando áreas de nossa vida que precisam ser tratadas por Ele.
4.2. O autoexame passa por um momento de contrição.
(1) É quando a gente olha para dentro, admite e se entristece pelo pecado (2 CO 7:9,10; SL 34:18; SL 51:17)
(2) Essa tristeza sinaliza que ainda não perdemos o temor de Deus, que ainda não estamos pecando habitualmente, que ainda não enveredamos pelo caminho do cinismo, que ainda não somos pecadores contumazes (1 JO 3:9)
4.3. O autoexame passa por um momento de confissão.
(1) Não significa que vamos acumular pecados até o dia da ceia. Mas que neste dia, em memória daquilo que Jesus fez por nós, a gente pode comparar o tipo de vida que Jesus conquistou para nós através da sua morte na cruz, e a vida que estamos vivendo hoje.
(2) Isto porque às vezes, estamos morrendo de sede em cima da fonte. Vivendo uma vida marcada pela culpa, pela opressão, pela má colheita da má semeadura, com direito a uma vida abundante e vitoriosa.
4.4. O autoexame passa por um momento de rendição.
(1) Aqui você já parou de racionalizar seu pecado e relativizar a autoridade da Palavra sobre sua vida. E você concorda com a verdade que o Espírito revela sobre você.
(2) Neste sentido, nesta mesa não existe condenação para o arrependido. Porque quando olho para dentro, vejo coisas escuras, caio aos pés da cruz, em busca do perdão e restauração. PV 28:13
4.5. O autoexame passa por um momento de celebração.
(1) Já tendo passado pela contrição, pela confissão, pela rendição podemos comer do pão e beber do cálice dignamente, porque estamos perdoados por Deus. Já não estamos sendo réus do corpo de do sangue. Já não estamos comendo ou bebendo juízo para nós.
(2) O pecado já não tendo mais livre curso em nós, não nos enfraquece, nos enferma, nem produz morte prematura em nós.
(3) Já julgamos a nós mesmos, pedimos perdão a Deus, assumimos o propósito de lutar pela mudança, contando com a graça capacitadora Dele. Agora estamos livres do julgamento da disciplina do Senhor e da condenação com o mundo.
(4) Então podemos celebrar na presença de Deus. Porque esses elementos estarão representando a bênção de Deus sobre nossa vida.
Conclusão
(1) Tenha coragem e não fuja do encontro consigo mesmo através do autoexame à luz da Palavra e do Espírito Santo.
(2) Não endureça sua cerviz, apresente a Deus um coração quebrantado, ou peça que ele produza um quebrantamento no seu coração.
(3) Não permita que o orgulho, a rebelião, a religiosidade impeçam as transformações que Deus está querendo fazer em sua vida.
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